1.
INTRODUÇÃO
Hoje
os carrapatos ocupam o segundo maior grupo de importâncias como vetores de
doenças infecciosas, sendo que os mesmos por si só já são causadores de ixodidose, pois a saliva do mesmo está repleta
de elementos tóxicos que irritam a pele do animal, mas além dessa doença
provocada pela picada do carrapato, os mesmos transmitem protozoários,
bactérias e vírus responsáveis por diversas patologias consideradas zoonoses.
As
doenças transmitidas por carrapatos são divididas em doenças causadas por
bactérias; doenças causadas por vírus e doenças causadas por protozoários.
De
acordo com Jongejan (2001)
“Os
carrapatos estão entre os principais vetores de doenças que afetam o homem, os
animais domésticos e os de companhia, sendo responsáveis por paralisia,
toxicose, irritação e alergia, e representam uma questão importante de saúde
pública” (JONGEJAN, 2001).
2.
DOENÇAS
CAUSADAS POR BACTÉRIAS
As
bactérias que causam doenças infecciosas são chamadas de patogênicas. Tais como
Erliquiose canina, febre Maculosa Brasileira, Doença de Lyme.
2.1
ERLIQUIOSE CANINA
De
acordo com Couto (1998)
A
Erliquiose Canina é uma doença relativamente comum nos cães e recentemente
confirmada como zoonose. Os sinônimos utilizados na literatura para este
distúrbio incluem Doença do Cão Rastreador, Pancitopenia Canina Tropical, Febre
Hemorrágica e Tifo Canino. Devido a sua natureza crônica e insidiosa, a Erliquiose
é prevalente o ano inteiro.
O
gênero Ehrlichia, pertencente à
família das Rickettsiaceae. Um dos
maiores vetores na transmissão de Erliquiose é o carrapato Rhipcephalus sanguineus. Sendo que o carrapato poderá permanecer
infectante por um período de aproximadamete um ano. Esta patologia apresenta
tres formas clinicas: aguda, subaguda e crônica.
Os sinais patologicos são edema e
enfisema pulmonares; glomerulonefrite; ascite; esplenomegalias no sistema
urogenital, intestinos e narinas. Além da presença de petéquias na gengiva,
conjutiva ocular, bucal e nasal.
2.2 FEBRE
MACULOSA BRASILEIRA-FMB
De acordo com Labruna (2006)
No
Brasil a R. rickettsii é transmitida
ao homem e animais, por pelo menos duas espécies de carrapatos brasileiros: A. cajennense e A. aureolatum. A sobrevivência transestadial e a transmissão
transovariana da R. rickettsii no
carrapato A. cajennense foi
constatada, embora ainda não haja comprovação de qualquer espécie animal,
incriminada como hospedeiro amplificador de R.
rickettsii para o A. cajennense
no Brasil, diferentes trabalhos realizados desde a década de 1930 tem levado a
suspeitar das capivaras, gambás e coelhos silvestres.
A FMB está
intimamente relacionada com seus hospedeiros vertebrados. Os cães atuam como
carreadores de carrapatos, transmitindo a doença dos animais selvagens para o
homem. Os focos conhecidos estão relacionados com ambiente rural, vegetação
rasteira ou arbustiva, lavouras rudimentares e presença constante de cães.
Os sinais patológicos incluem febre alta,
cefaleia, mialgia e manchas na pele.
2.3 DOENÇA
DE LYME E OUTRAS BORRELIOSES
A doença de Lyme é
uma enfermidade causada por bactérias espiroquetas do complexo Borrelia
burgdorferi sensu lato, o qual é composto por pelo menos 11 espécies
taxonomicamente reconhecidas. Destas, as espécies Borrelia burgdorferi sensu stricto, Borrelia garinii, e Borrelia
afzelli são as de maior patogenicidade, estando associadas às diferentes
manifestações clinicas da doença de Lyme em humanos e animais domésticos. [...]
Todas estas 11 espécies que compõe o complexo B. burgdorferi sensu lato apresentam em comum o fato de terem sido
relatadas exclusivamente em regiões temperadas do hemisfério Norte, onde estão
associadas na natureza com carrapatos Ixodes
ricinus. Dentro deste complexo, destacam-se as espécies I. ricinus e Ixodes persulcatus na Europa e Ásia, e Ixodes scapularis e Ixodes
pacificus na América do Norte (Steere et al al., 2004).
Manifestações gerais
incluem mal-estar, febre, cefaleia, mialgias, rigidez de nuca e
linfadenopatias. Esta doença pode causar complicações, tais como alterações
neurológicas, cardíacas, articulares, oftálmicas e fetais.
3.
DOENÇAS
CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS
Nem
todos os protozoários são prejudiciais à saúde, porém os protozoários patógenos
ou causadores de doenças são os responsáveis pela Babesiose.
3.1 BABESIOSE
Os
agentes transmissores da Babesiose são o Rhipicephalus
spp e o Haemophysalis spp. A
doença é causada pelo protozoário do gênero babesia.
A babesia parasita os glóbulos
vermelhos e os destrói. Os sintomas aparentes são altamente variáveis, mas
incluem febre, indisposição, anemia severa, anorexia e hemoglobinúria. Os
sintomas ocorrem de maneira gradativa, ocorrendo anorexia, fadiga, hiperemia,
sudorese e dores musculares, além de anemia.
3.2
ANAPLASMOSE (TRISTEZA PARASITÁRIA BOVINA)
Em
conjunto com a Babesiose, é conhecida também como tristeza parasitoria bovina,
piroplasmose, tristezinha, pendura, mal da ponta, mal triste dentre outros, é
uma doença tropical caudada por uma associação de germes que se multiplicam no
sangue (hemoparasitas). Os principais causadores da Anaplasmose são: Anaplasma Marginale ( rickettsiacea), é
transmitida especialmente Boophilus spp
4.
DOENÇAS
CAUSADAS POR VÍRUS
Os vírus são
exclusivamente patógenos. As zoonoses transmitidas por vírus são denominadas
arboviroses. Doença da Floresta de Kyassanur (DFK), Febre OMSK, Febre
Hemorrágica do Congo e Criméia são exemplos de doenças virais transmitidas por
carrapatos.
5. COMO PREVINIR AS DOENÇAS TRANSMITIDAS
PELOS CARRAPATOS
O
mais indicado é o controle da infestação de carrapatos no meio ambiente e sobre
os animais, pois os carrapatos apresentados no corpo do animal referem a apenas
5% de sua infestação, sendo que os restantes ficam localizados no
ambiente.
"Por serem conhecidos
como transmissores de doenças infecciosas em cães e gatos nas regiões de clima
quente, torna-se mais do que nunca, necessária uma estratégia integrada no
manejo das infestações por carrapatos em animais." (BEUGNET, 2001)
6. CONCLUSÃO
Conhecendo as principais doenças
transmitidas pelos carrapatos e sabendo os riscos causados a saúde, nota-se a
importância de manter os cuidados devidos com o meio ambiente e o animal,
evitando assim a proliferação desses artrópodes.
7.
REFERÊNCIAS
BEUGNET F.; JONGEJAN F. BOLETIM
TÉCNICO MERIAL: Forum Científico Internacional sobre doenças transmitidas por
carrapatos em cães e gatos. Divisão de parasitologia e medicina veterinária
de doenças tropicais da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de
Utrecht. Holanda, 2001
COUTO, C. G. Doenças Rickettsiais in: BIRCHARD, SHERDING, Manual Saunders: Clínica de pequenos
animais. Ed. Roca: p. 139-42, 1998.
WOODY, B. J.; HOSKINS, J. D. Ehrlichial
diseases of the dog. Veterinary Clinical North America: Small animal
practice, cap. 21, p. 45-98, 1991.
Labruna mb. Epidemiologia da Febre Maculosa no Brasil e nas Américas. Anais I Simpósio Brasileiro de Acaralogia –
I SIBAC, p. 63-78, 11 a 12 de maio, Viçosa, Minas Gerais, 2006.
STEERE AC, COBURN J, GLICKSTEIN L.
The emergence of lyme disease. European
J Clin Invest, 113(8): 1093-1101, 2004.